Kashan, localizada na província de Isfahan, é um oásis à beira do deserto Dasht-e Kavir. Sempre foi um importante centro político e artístico ao longo dos principais períodos da história persa e foi considerada um dos mais importantes centros de produção de tapetes da Persia. Kashan ficou famosa não só pela fabricação de seda e pelas artes têxteis, mas também pela produção de azulejos decorativos de cerâmica. Há evidências de que Kashan foi um dos primeiros centros de sericultura na Pérsia e alguns dos melhores tapetes de seda do período safávida provavelmente foram feitos lá
Embora se saiba que os tapetes Kashan foram tecidos desde o Império Sassânida (224 a 642 d.C.), existem dois períodos principais de produção de tapetes persas. O primeiro, chamado de Primeira Era de Ouro dos tapetes persas, ocorreu durante os Império Safávida nos séculos XVI e XVII em oficinas da corte e em centros comerciais de tecelagem. O segundo, conhecido como Segunda Era de Ouro dos tapetes persas, ocorreu durante o final do século XIX e o início do século XX sob o domínio Qajar, momento em que houve um reavivamento na produção de tapetes, principalmente produzidos para exportação, mas também para o consumo da elite persa. No final do século XIX, as tecelãs começaram a produzir tapetes de alta qualidade, dando continuidade ao design e às técnicas criadas na primeira era de ouro dos tapetes persas. Os melhores tapetes Kashan dessa época são conhecidos como Motasham Kashan.
Ainda hoje Kashan continua a desempenhar um papel de liderança na produção de tapetes de seda persa. Ainda assim, desde o final do século XIX, a maioria dos tapetes Kashan é feita de lã, embora sua lã às vezes seja conhecida por sua maciez. Os tapetes Kashan antigos possuem um design específico que apresenta um medalhão central alongado. As cores tendem a ser brilhantes, com campos de azul, vermelho e marfim. Outros estilos incluem o design boteh, repetições de motivos florais e desenhos de vasos. As bordas são frequentemente feitas com motivos florais estilizados de palmeiras, tulipas, rosas, videiras e folhas com uma borda central ladeada por duas faixas contrastantes menores.
O período safávida é conhecido pela máxima expressão artística em arquitetura, iluminação manuscrita e caligrafia. O rico detalhamento em cúpulas e paredes de mesquitas, edifícios públicos e casas particulares proporcionou uma estética elegante e ao mesmo tempo prazerosa para os interiores, criando um mundo de jardins e cintilantes fontes de luz em nítido contraste com o ambiente às vezes hostil do lado de fora. Esse ambiente interior criava um prazer visual através desses elementos artísticos.
O governante safávida Shah Abbas (1571-1629) estabeleceu os Jardins Bagh-e Fin em Kashan, jardins que ainda existem hoje, considerados Património Mundial da Humanidade. Todo este movimento artístico daquele período influenciou a tecelagem de tapetes, de modo que os pés passaram a caminhar por jardins exuberantes e os olhos passaram a admirar fontes borbulhantes dentro de casa. O grupo mais raro de tapetes Kashan que utiliza designs e cores não tradicionais é o famoso “Mohtasham Kashan”, do final do século XIX. Difíceis de serem encontrados, esta elite de tapetes Kashan usa um tipo brilhante de lã de cordeiro, o que confere à superfície do tapete uma característica altamente luminosa.
Os nós dos tapetes Mohtasham Kashan são firmemente atados. Eles apresentam um gracioso medalhão cumprido, em forma de lágrima ou o design de flores e folhas intrincadamente detalhados. Os mais apreciados entre os colecionadores são os antigos Mohtasham Kashan desse estilo, datados de meados do século XIX e às vezes mais antigos. Os melhores desses tapetes geralmente possuem um fundo em tom marfim ou dourado e seu pelo é curto.
A paleta de cores preferida pelos colecionadores e designers de interiores é de tons pastéis e cor de terra sutis, contrastados por um penetrante azul índigo escuro. Suas cores são vivas e brilhantes e suavizam-se significativamente com o passar do tempo. Ao mesmo tempo, esses tons mantêm um brilho notável, pois a rica substância da lanolina produz efeitos em cada fibra da lã.
Além disso, os primeiros tapetes Mohtasham Kashan muitas vezes apresentam a técnica do abrash, que produz o efeito de sombreamento e profundidade pelo uso de diferentes tons da mesma cor. Nos tapetes Mohtasham Kashan datados de 1850 ou anteriores, o abrash é geralmente sutil e contínuo, com mudanças artísticas de cores dentro de um único desenho e de uma extremidade do tapete para a outra. Isso dá ao tapete uma qualidade pictórica e uma profundidade visual semelhante à de uma pintura em aquarela. Os antigos tapetes Mohtasham Kashan com restauração extremamente bem executada e com a quantidade de pelos intacta são extremamente raros e normalmente mantidos em coleções particulares
Os melhores tapetes Kashan do século XIX e da virada do século XX, sejam os tradicionais ou os da elite Mohtasham Kashan, são essencialmente clássicos e complementam uma decoração deste estilo
Além disso, eles caem bem em uma variedade de outros ambientes, especialmente em grandes espaços. As peças mais finas, se conservadas em bom ou excelente estado e que apresentam uma paleta atraente de cores devem ser consideradas sólidos investimentos de arte.
