É comum entre os interessados em arte oriental pensarem em comprar tapetes orientais antigos. Quanto mais aprendem, mais se apaixonam por esta forma de arte. Isto acontece porque os tapetes são únicos e “pessoais”, no sentido de falarem com seus observadores como se fossem peças vivas e lhes contassem a sua história.
De muitas maneiras, o círculo de colecionadores de tapetes antigos se comporta de maneira oposta daqueles do mercado de arte contemporânea. Eles evitam a imprensa e realizam suas transações a portas fechadas. Apenas poucos revendedores de alto nível atuam como seus consultores particulares, ajudando a organizar as coleções de seus clientes.
A maioria dos tapetes orientais antigos existentes hoje data do século XIX. “Oriental” no mercado dos tapetes refere-se a tapetes tecidos à mão no Oriente, região que vai dos Balcãs no leste europeu à China no Extremo Oriente, lugares em que o tapete é um produto de uma tradição que remonta pelo menos 700 anos. A maioria foi produzido na Pérsia, no Cáucaso, na Ásia Central, na Turquia, no Afeganistão, na Índia e na China. O mercado de tapetes orientais antigos divide essas obras de arte em tapetes tribais e tapetes da cidade. Os tapetes tribais eram tecidos por nômades que viviam em pequenos acampamentos usando motivos geométricos e métodos próprios de seus grupos étnicos. Eles eram tipicamente produzidos para uso pessoal e são marcados por desenhos abstratos, totêmicos e permeados pela imprevisibilidade dos seus criadores.
Os tapetes da cidade, no entanto, eram muitas vezes encomendados pela nobreza e criados por grupos de artistas que trabalhavam a partir de planos meticulosos, ou “desenhos”, concebidos por um mestre. Os tecelões se reuniam em oficinas, principalmente na Pérsia ou na Turquia, para criar tapetes conhecidos por suas intrincadas imagens florais.
É interessante que muitos colecionadores procuram nos tapetes uma maneira tranquila de investir seus recursos. Os tapetes tornaram-se para alguns um investimento no estilo de vida com uma forma diferente de valorização. Embora os retornos financeiros possam não ser a motivação dominante dos compradores, todos concordam que os tapetes antigos são uma forma de investimento.
Como os tapetes raros demoram para surgir no mercado internacional, é difícil rastrear seu valor de revenda. E como os tapetes foram produzidos anonimamente, os colecionadores não conseguem monitorar obras que seriam comparáveis se fossem identificados como sido feitas pelos mesmos artistas. O fato é que os preços estão subindo drasticamente nos últimos anos. Dos tapetes que se encontram à venda, aqueles que são colecionáveis são apenas uma porcentagem mínima, pois a maioria deles já se encontra em coleções particulares, adquiridos entre os últimos 25 e 75 anos.
Tanto os negociantes e colecionadores de tapetes costumam ser nostálgicos e poéticos sobre a sua busca por este tipo de arte antiga, chamando os tapetes de cápsulas do tempo ou uma janela para a história. Ao contrário do desejo dos artistas contemporâneos de estimular e até mesmo de chocar, os criadores de tapetes se esforçavam para expressar a harmonia e a beleza que encontravam na natureza. Acreditavam que a arte era um processo em que cada etapa – desde a criação de ovelhas e tosquia da lã até a fabricação de corantes e amarrar cada nó – deveria ser aperfeiçoada para que o produto final alcançasse seu “estado final”. Para os colecionadores de tapetes antigos, estas obras representam um retorno ao equilíbrio e à simplicidade de uma “civilização perdida”. Num mundo cada vez mais impessoal e altamente tecnológico, os amantes dos tapetes orientais procuram peças originais, elementares e que de alguma forma fazem parte do que é comum à humanidade. Esta é a arte do coração e não a arte do ego.
Como as distinções entre tapetes antigos são difíceis de reconhecer, novos colecionadores devem trabalhar com revendedores reconhecidos. Os novatos também devem se familiarizar com certos critérios básicos para garantir que os tapetes escolhidos sejam aqueles que valorizam ao longo do tempo. Certifique-se de que o tapete que você está considerando:
- Tenha pelo menos 100 anos, seja uma verdadeira antiguidade, seja tecido à mão antes do início do período comercial, quando as oficinas começaram a produzir tapetes para exportação.
- Apresente designs e cores que foram combinados de maneiras originais ou improvisadas para revelar a sensibilidade única do artista. Note que os tapetes dos centros urbanos são valorizados como a “arte da perfeição absoluta” por causa de seu equilíbrio e replicação de padrões por toda parte enquanto os tapetes tribais são valorizados por sua assimetria e aspecto improvisado. Veja as fotos acima.
- Contenha apenas corantes naturais puros, que proporcionam uma maior variedade de tonalidades. O abrash, uma técnica de diferentes tons da mesma cor tecidos em faixas horizontais no tapete, cria uma sensação de profundidade e algumas cores são mais valorizadas do que outras. Por exemplo, a púrpura de Tiro foi extraída dos moluscos encontrados ao longo do Mar Cáspio que foram extintos no final do século XIX.
- Foi tecido com fibras da mais alta qualidade. A lã “oleosa” da montanha é conhecida pela sua força, elasticidade e alto teor de lanolina, que cria uma pátina luminosa ao longo do tempo.
- Está bem preservado para a sua idade. As restaurações não diminuem o seu valor desde que tenham sido executadas sem falhas e com materiais originais. Quanto mais raro o tapete, mais aceitável é que possua alguma restauração.