Os pontos descritos abaixo para a avaliação de tapetes orientais antigos foram formulados por David Winitz, profundo conhecedor da arte têxtil oriental. 

1 Nível da arte

A grande variação de habilidade, criatividade e sensibilidade artística encontradas nos tapetes antigos é o principal elemento utilizado para se distinguir estas obras de arte dotadas com grande perfeição dos tapetes meramente decorativos. Embora os tapetes decorativos possam ter sido feitos com materiais bem resistentes, eles não possuem valor artístico intrínseco.

Neste sentido, o critério a ser aplicado é verificar em que medida os elementos de composição do tapete causam um impacto visual em seu observador. Assim como em todas as formas de arte, os melhores tapetes são aqueles que possuem o chamado “impacto universal”. Ele tem poder de permanência, ou seja, quanto mais o observador o olha, mais enxerga e mais fica intrigado com ele. A composição figurativa do tapete acalma, altera, intriga ou literalmente envolve seu admirador a ponto de ele ser afetado permanentemente pelo tapete.

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2 Nível da estética

Um tapete possui um equilíbrio geral e harmonia entre seus vários motivos e uma relação simbiótica entre suas cores e desenhos. A escolha das cores empregadas, a capacidade de equilibrar 8-25 ou mais tonalidades dentro de um tapete e a habilidade de combiná-los são os principais determinantes da estética de um tapete. As cores usadas devem ser intrigantes e operar em harmonia. Devem proporcionar a sensação de profundidade visual (ou falta dela), principalmente alcançada através da arte do abrash, faixas de tons diferentes dentro de uma mesma cor intencionalmente tecidas durante o processo de tingimento. Essas mudanças de cor causam o efeito de profundidade e devem ocorrer naturalmente ou sem parecerem abruptas ou fora de lugar. Deve ser igualmente impactante no observador o uso da proporção entre os elementos de design. Se as escalas dos motivos maiores e menores forem muito semelhantes, eles não serão suficientemente visíveis e, portanto, não serão atraentes em relação a todo o espectro de desenhos. Uma sensação de fluidez ou de movimento causará impacto, se houver amplitude entre os desenhos, as cores do tapete, a técnica do abrash intencional mencionada acima e a escolha das formas utilizadas na borda principal.

Deve ser igualmente impactante no observador o uso da proporção entre os elementos de design. Se as escalas dos motivos maiores e menores forem muito semelhantes, eles não serão suficientemente visíveis e, portanto, não serão atraentes em relação a todo o espectro de desenhos. Uma sensação de fluidez ou de movimento causará impacto, se houver amplitude entre os desenhos, as cores do tapete, a técnica do abrash intencional mencionada acima e a escolha das formas utilizadas na borda principal.

3 A antiguidade do tapete

Os tapetes tecidos antes do período comercial (1920) são os mais procurados ​​por sua originalidade, cores tingidas naturalmente, incluindo tons não encontrados em tapetes posteriores a esta época e por conterem desenhos expressivos. O período comercial de produção de tapetes orientais que tomou impulso após 1920, transformou o mercado de tapetes orientais para sempre: repetição dos designs copiados dos tapetes que foram feitos antes desta época, em vez de cada tapete ser único e a utilização de corantes químicos agressivos.

4 Condição do tapete em relação à idade

Quanto mais antigo o tapete, mais desgaste e restauração são aceitos. O impacto no valor é determinado por quanta restauração foi feita e o nível de qualidade da sua execução. A lavagem química, o desbotamento e manchas causadas pelo sol bem como a redução do tamanho dos tapetes têm um impacto negativo no seu valor. Quanto mais antiga a peça, maior o seu valor, se a sua arte for elevada e a sua condição for compatível com a idade.

5 Qualidade da cor

Todas as cores dos tapetes orientais eram produzidas a partir de corantes naturais antes do aparecimento dos corantes químicos. Uma paleta de cores totalmente tingida naturalmente é primordial para que um tapete tenha mais do que apenas valor decorativo, pois os corantes vegetais desenvolvem uma pátina valorizada ao longo do tempo, enquanto os corantes químicos costumam ser ou berrantes, opacos ou desbotados com o passar das décadas. Além disso, no passado, os tintureiros tinham níveis variados de habilidade e investiam enormes quantidades de tempo no tingimento da lã. A qualidade da cor – seu brilho e nível de nuance dentro de cada matiz – é fundamental. Certas cores raras, como a púrpura de Tiro, o amarelo açafrão, o rosa cochonilha e alguns tons de verde, aumentam o valor do tapete, pois não são mais produzidas atualmente a partir de elementos da natureza.

6 Singularidade

Desde que os elementos estéticos apontados acima estiverem presentes, o abuso da originalidade no uso das cores e no design de um tapete tornará um tapete significativamente atrativo. Os tapetes que são obras de arte singulares são aqueles que colocam de lado os desenhos regionais e apresentam motivos e cores nunca antes vistos de maneira atrativa esteticamente. Esses são os tapetes extremamente valorizados. Tapetes que são representantes de um estilo tradicional também são amplamente procurados. Na maioria das vezes, são os tapetes produzidos antes de 1875 que demonstram maior criatividade, especialmente as peças tecidas na primeira metade do século XIX porque revelam uma estética livre. Juntamente com o uso de corantes naturais raros, como a púrpura de Tiro, o açafrão, a cochonilha e o pistache, alguns mestres tecelões criaram tonalidades singulares e exóticas que afetam o observador e não são mais encontradas hoje.

Certos estilos de tapetes do século XIX são particularmente procurados, sendo os melhores exemplos reconhecidos por sua arte inigualável. Entre os tapetes persas dos centros urbanos incluem os Kirman, Mohtasham Kashan, Hadji Jallili Tabriz, Ferahan, Ferahan Sarouk, Bijar e Ziegler Sultanabad, tecidos com excelente qualidade e perfeitamente trabalhados. Já os tapetes produzidos em aldeias, as melhores obras de arte são os Bakshaishs, Serapis e aqueles produzidos com lã de camelo. Com respeito aos estilos tribais, os melhores tapetes são os caucasianos e os persas Afshar e Qashqai. É importante enfatizar que todos esses tipos de tapetes contêm exemplos em enormes quantidades produzidos após a era comercial (1920), muitas vezes tecidos com excelente lã, mas não estão mais imbuídos do brilho estético de seus antecessores.

8 Finura da trama

Os tapetes de cada região oferecem uma construção distinta que inclui uma densidade de nós própria dessa tradição. Os mais requintados tapetes persas feitos nos grandes centros do século XIX geralmente demonstram um nível superior de arte que se manifesta por meio de uma absoluta nitidez de seu design e um nível de detalhe extremamente minucioso. Essa precisão é aprimorada pelo emprego de um pelo muito uniforme e de corte baixo que confere à superfície do tapete uma qualidade brilhante e translúcida. Em contraste, muitos tapetes caucasianos e curdos de alta qualidade são feitos com nós muito mais soltos e possuem uma superfície macia, o que contribui para sua estética robusta.

9 Qualidade da lã

A lã utilizada nos tapetes tem muitos graus diferentes. A melhor contém um alto teor de gordura chamada lanolina em sua fibra, deixando um brilho às suas cores quando envelhece com o tempo. Ela torna o tapete elástico e macio ao toque. Por essas razões, os melhores tipos de lã aumentam o valor de um tapete.

A lã cultivada por grupos nômades que criavam os seus rebanhos de ovelhas em pastagens localizadas em montanhas altas durante o verão e nas planícies mais baixas durante o inverno, produzia os melhores nós. Os tapetes feitos com a lã proveniente do noroeste persa (província do Azerbaijão) e da cidade de Kerman, apresentam sempre uma superfície ricamente lustrosa e resiliente ao toque.

Conclusão

Esses nove pontos para avaliar a qualidade dos tapetes antigos não estão em nenhuma hierarquia particular, pois há uma troca fluida entre eles. A lã ilumina a cor; a cor abranda ou realça os elementos de design; singularidade, arte e estética envolvem uma linguagem não-verbal que pode se comunicar profundamente conosco. A interação entre antiguidade e condição do tapete nos ajuda a definir nossas prioridades em termos de viver com um tapete antigo; a trama de um tapete pode evocar uma formalidade refinada nos tapetes produzidos nos centros urbanos ou um toque folclórico e casual nos tapetes nômades.