Por que os tapetes com cores fortes e vibrantes continuam a ser obras de arte atraentes?

No campo dos tapetes orientais antigos, a cor empregada em um tapete é, geralmente, um elemento essencial na identificação do grupo que o confeccionou. Os fatores que ajudam um especialista a determinar a origem de um tapete antigo incluem o tipo de nó (este é o principal fator), os materiais utilizados (lã, algodão ou seda) e também a composição de cores. Não seria exagero afirmar que as características de um tapete antigo refletem o pensamento de um povo bem a como a imaginação e a criatividade de seu artista é expressa através da escolha das cores.

Por exemplo, uma das características principais dos tapetes caucasianos é a habilidade do artista em fazer uma perfeita combinação de cores fortes, saturadas e intensas. A arte está em saber empregar várias cores robustas em um único tapete e o resultado é o efeito visual de uma explosão harmoniosa de cores. Ao contrário do que se possa pensar, não é o emprego de várias cores fortes no mesmo tapete que causa um mal estar no visual, mas sim, a falta de habilidade em não saber combiná-las. Os tecelões do Cáucaso eram mestres nesta arte.

Todos os tapetes orientais tecidos antes de 1875 possuem uma harmonia de cores, independentemente de serem tons suaves ou ousados. As peças posteriores a este período, principalmente após a década de 1920, representam apenas imitações, às vezes surpreendentes, outras vezes chocantes, de uma época singular de uma produção artística que já passou. Atualmente, através da lavagem química tenta-se conseguir um resultado semelhante da estética, do charme e da pátina atraentes que aparecem com o desgaste de um tapete antigo. Embora neste processo as cores mais berrantes são suavizadas, simplesmente ocorre a substituição de um mal por outro. Ao longo da história da arte sempre houve períodos em que os artistas produziram obras-primas que não podiam ser replicadas. Pode-se muito bem copiá-las, mas meras cópias não podem oferecer ao observador o mesmo prazer que a peça original.

Neste contexto, deve ser salientado que o colecionador de tapetes nunca deve ser tentado pelo vendedor a adquirir uma réplica mesmo que a peça for esteticamente precisa. Além de outras indicações, é a cor em particular que denuncia uma réplica. As cores de um tapete antigo genuíno são tão translúcidas que se tem o efeito visual de que a peça parece se elevar do chão e quem observa fica fascinado pelo seu irresistível encanto. Por outo lado, as cores da réplica de um tapete são opacas, a lã é sem vida e uma espécie de véu parece cobrir a peça. Se o observador tiver que parar e pensar se a peça é genuína ou uma réplica, então a probabilidade é que seja uma réplica. O tapete antigo genuíno parece falar com quem o admira e não lhe permite dúvidas.

Caucasiano Bordjalou Kazak, 1875

Réplica de um tapete Caucasiano Bordjalou Kazak

Enquanto os tapetes caucasianos com as suas cores vibrantes ocupam o primeiro lugar na ousadia das cores, são os tapetes da Anatólia ou turcos que mais se aproximam dos caucasianos. É sobretudo o contraste do vermelho e do azul com a adição de um amarelo límpido e brilhante que determina a escala de cores dos tapetes turcos antigos. Não é surpreendente que o colecionador de tapetes caucasianos seja frequentemente também um colecionador de tapetes turcos.

Konya Ladik, 1875

Já os tapetes persas antigos, possuem uma riqueza infindável de cores e tonalidades. Mas, ao invés de serem feitos com cores contrastantes entre si, os artistas persas optaram por cuidadosamente empregar uma harmoniosa graduação de cores. Esta sofisticação estética torna os tapetes persas antigos extremamente atrativos e permite uma maior flexibilidade para serem colocados em interiores modernos. Ao contrário dos tapetes caucasianos que atraem admiração pelo emprego de cores robustas, os tapetes persas conferem elegância com base na alta gama de tons próximos.

Persa Tabriz Hadji Jallili, 1920

Diferentemente dos tapetes que possuem contrastes de cores fortes, há os tapetes que possuem contrastes sutis de cores. Aqui, a arte está na produção de um efeito artístico que utiliza o mínimo de cores possível. É o caso sobretudo dos tapetes turcomanos antigos que foram feitos na região do Turcomenistão e do Afeganistão, bem como em partes do norte da Pérsia, cuja gama de cores é dominada por uma variação infinita de vermelhos que se contrapõem a um azul escuro. Os tapetes turcomanos são a melhor demonstração de como é possível produzir uma obra de arte colorida, atraente e artisticamente satisfatória com o emprego mínimo de cores.

Turcomano Ersari, Ásia Central, 1870

Entre a Pérsia antiga com toda a sua riqueza de cores e o Turcomenistão com a sua composição sutil e minimalista de cores, a Índia criou o seu próprio repertório. Foram os governantes do império Mughal que, no início do século XVI, introduziram a arte persa da tecelagem na corte de seu país. No decorrer de um século, a Índia desenvolveu uma gama de cores distinta e própria, cuja característica mais marcante é um tom cereja forte e brilhante. Esta tonalidade básica é contrastada pelo design de arbustos em forma de treliça repletos de flores em estilo realista em tons verde, amarelo e azul.

Uma característica comum a todos os tapetes orientais antigos, tenham cores mais ousadas ou sutis, é o encanto que exercem sobre nós. Este encanto talvez possa ser compreendido se percebermos que cada cor do tapete que à primeira vista parece ser de uma cor única é na verdade composta de muitas cores e tonalidades da mesma cor básica. Cada centímetro quadrado contém uma série de variações da mesma tonalidade, devido a diferenças na qualidade da lã e na sua espessura, bem como nos distintos métodos de tingimento. Mesmo o tintureiro mais experiente não consegue tingir dois novelos de lã exatamente da mesma cor. São justamente essas delicadas diferenças entre tons que dão vida e charme únicos a um tapete. Se esse mesmo tapete antigo que atrai os seus olhos fosse tingido com cores absolutamente iguais e constantes e se a lã utilizada fosse mecanicamente fiada, o efeito visual seria no mínimo opaco, sem vida e enfadonho. Seria semelhante aos tapetes feitos à máquina que chegaram ao mercado após a década de 1920 como cópias dos tapetes orientais antigos de outrora.

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18501970

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57cm366cm
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110cm626cm

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