O mercado atual de tapetes orientais pode ser dividido em duas partes: o decorativo e o colecionável. O primeiro é maior e atende a quem compra tapetes, essencialmente, com a finalidade de cobrir o chão de suas casas. Para quem usa tapetes simplesmente para decorar, existem certas tendências que entram e saem de estilo – como moda. Nesta categoria, a estética é a atração principal e embora os compradores possam escolher um tapete muito fino, é a aparência, a cor ou o tamanho que os levam a optar por uma peça sobre outra. Por outro lado, o mercado de colecionáveis é menor em tamanho, mas maior em entusiasmo. É sustentado por aqueles que colecionam tapetes por vários motivos – talvez com base na região, tempo ou período, grupo étnico etc. – mas com a intenção adquirir e expor seus tapetes como peças de arte.
Geralmente, experts avaliam os tapetes de alta qualidade de acordo com quatro características: origem, antiguidade, qualidade de acabamento e condição. No entanto, os tapetes possuem uma materialidade diferente de outras artes, como as pinturas, por exemplo. Você não pode tocar ou chegar muito perto de uma pintura, mas pode tocar e pisar nos tapetes. Essa é a beleza dos tapetes antigos, pois eles permitem uma maior proximidade. Contudo, esta mesma vantagem que possibilita a proximidade, cria um estigma quando se considera os tapetes sob o campo das artes. Por serem colocados no chão e sob os pés, há uma distância deste gênero das outras categorias das artes plásticas. A tendência é pensar que um tapete não pode ser considerado arte se estiver cobrindo o chão, mesmo que seja mais valioso do que a escultura que está em cima dele.
Outro estigma que os tapetes passam como categoria de arte é que os seus artistas são anônimos. No entanto, para os aficionados em tapetes é exatamente a falta de identificação do artista o que os atraem, pois o que identifica cada tapete não é necessariamente o artista individual, mas sim o contexto cultural em que foi criado, e este contexto tem um grande peso no estilo, nas cores e, consequentemente, na colecionabilidade.
Os tapetes mais procurados hoje no mercado de colecionadores são chamados tapetes “tribais” — tapetes tecidos por povos no Cáucaso e na Ásia Central que se encontram no norte do Irã, do Afeganistão, espelhados pelo Turcomenistão e no oeste da China — com seus motivos geométricos, abstratos e pelo emprego ousado de cores.
Karachov, Cáucaso – Século XIX
Chelarbed, Cáucaso – Século XIX
No entanto, há colecionadores focados nos tapetes que foram produzidos nos grandes centros da Pérsia ou da Turquia, que ao contrário dos tapetes “tribais”, apresentam perfeita simetria e padronização em sua confecção.
Tehran, Pérsia – 1900 c.
Mas, independentemente do interesse do colecionador no tipo de tapete, para ser considerado obra de arte, um tapete deve ter sido tecido antes do advento da chamada abertura comercial que ocorreu no início do século XX. A industrialização têxtil do Oriente Médio interferiu muito na fabricação e venda de tapetes orientais. A introdução de produtos artificiais como os corantes químicos foi a sentença de morte do processo tradicional de fabricação de tapetes. Antes desta época, eram utilizados corantes naturais, criados a partir de animais e plantas – o roxo, por exemplo era feito a partir de mariscos; para o vermelho, utilizavam-se determinados insetos. Mas, para atender a demanda da Europa e dos Estados Unidos, corantes industriais passaram a ser usados por sua praticidade e o tempo empregado na criatividade da confecção de um tapete foi reduzido para se produzir cada vez mais.
Muitos colecionadores se concentram em grupos étnicos ou regiões específicas, embora certos tipos de tapetes mantiveram sua popularidade ao longo dos anos. Tapetes dos cerca de 85 grupos do Cáucaso, região especificamente localizada na encruzilhada entre os mares Negro e Cáspio, são valorizados entre os colecionadores por sua variedade, pelos padrões geométricos e por suas cores brilhantes. Estes tapetes têm bastante parentesco com a arte moderna. Klee e Kandinsky por exemplo, foram inspirados pelos tapetes caucasianos. Já pessoas que gravitam em torno de obras renascentistas ou das pinturas mais clássicas são mais atraídas pelos tapetes produzidos nos grandes centros, como os Kirman que em geral possuem grandes proporções, riqueza de cores e traços delicados. Foi um Laver Kirman do século XVII que estabeleceu o recorde na Christie’s de Nova York como o tapete mais caro vendido em leilão, alcançando o valor de US$ 9,6 milhões adquirido por um museu de Qatar.